Visibilidade internacional
Conferência
Internacional do Escotismo
Ainda no ano de 1961, nova polémica estalou
no seio da AEP, a propósito do anúncio da realização, em Lisboa, da 18.ª Conferência
Internacional do Escotismo, uma excelente oportunidade de prestigiar o
escotismo português e promover a sua divulgação junto do público. Foi esta
desencadeada pelo secretário das Relações Internacionais, Manuel Lopes Peixoto,
que se manifestou incomodado com a publicação de comentários ao local da sua
realização no sempre atento “Sempre Pronto”, onde se podia ler:
”… Por
outro lado, e já que nos é dada a feliz oportunidade de receber elementos de
diversas raças e reli
giões, incluindo nestas as não cristãs, parece-nos de
toda a conveniência que os nossos visitantes tomem contacto com o nosso povo e
sintam o ambiente de tolerância da nossa gente, completa ausência de discriminação
racial e, até, a simpatia que sempre nutrimos por raças estranhas.
Delegados Americanos, Japoneses e Filipinos, presentes na Conferência |
“Estas
nossas considerações são ditadas pelo facto de nos ter constado, embora sem carácter oficial e, portanto, sem qualquer segurança de realidade, que se
projecta a realização da Conferência no Seminário dos Olivais. Sem dúvida, que
aquela Instituição oferece excelentes instalações e é muito de agradecer que os
seus directores estejam prontos a acolher a Conferência. No entanto o local
onde o Seminário se encontra instalado está arredado do convívio da cidade,
numa zona ainda por urbanizar e portanto pouco acolhedora. Além disso, a
realização da Conferência num Seminário desvirtua a característica da
Conferência, iludindo o público acerca do seu amplo significado. Pode ainda dar
a falsa impressão de que se procura afastar do centro da cidade, segregar
talvez, por quaisquer preconceitos, os nossos visitantes.
“Estamos
firmemente convencidos de que as autoridades oficiais teriam o maior prazer em
dispensar para a realização da Conferência um edifício público, onde
normalmente se realizem Congressos Internacionais. Não merece a pena citar
nenhum porque qualquer deles ofereceria boas condições para albergar a Conferência,
demonstraria o bom acolhimento das autoridades portuguesas e conservaria os
nossos visitantes – em número de algumas centenas – em contacto mais estreito
com a capital portuguesa e com o povo português.
Reunidos numa sala de aulas, um grupo de estudos discute um tema de interesse |
“No
interesse do próprio Escotismo Português parece que conviria dar à Conferência
a maior projecção. Seria conveniente também para o país que a mesma fosse
realizada em edifício do Estado; fosse hóspede da nação e não de uma entidade
particular, embora digna do maior respeito. Parece-nos ainda importante que o
público compreenda e conheça o alto significado do Escotismo Mundial,
reconhecendo a Conferência Internacional como representativa de um movimento
não sectário que abrange jovens de todas as raças e crenças. Isto passará
despercebido se for realizada no Seminário dos Olivais”.
A voz do “Sempre Pronto” soou no deserto e
a Conferência efectuou-se efectivamente no Seminário dos Olivais, de 20 a 24
de Setembro, perdendo-se todo o impacto que teria se realizada em local mais
central de Lisboa.
Sessão solene de inauguração da Conferência |
Acrescentaremos, mesmo, que, contrariamente
ao que tínhamos vivido em 1951, a Conferência passou quase despercebida da
população e nem nas hostes escoteiras despertou o entusiasmo que um
acontecimento daquela natureza sempre justifica.
“Na 18ª Conferência
Internacional foram tratados assuntos de suma importância para o Movimento,
tais como a eleição de um terço dos membros do Comité Mundial, a reforma dos
estatutos da organização, a apresentação de
relatórios sobre o desenvolvimento do Escotismo em diversas partes do mundo e
ainda o estu-do e discussão de problemas diversos, como seja a preservação dos
valores fundamentais do Escotismo, novas ideias para o programa escotista,
formação social do adolescente e o seu adestramento espiritual, o problema
financeiro do Escotismo ao nível local e nacional, etc.” – jornal “S.P.”
de set/out 1961.
Antes da Conferência, de 15 a 18 de
Setembro teve lugar, no Palácio Foz, a reunião do Conselho Internacional para a
Formação de Dirigentes e a reunião da Equipa de Adestramento Internacional.
Nesta reunião tomaram parte o Chefe do Campo de Formação de Chefes da Insígnia
de Madeira de Gilwell Park, os delegados e membros das equipas de adestramento
dos diferentes países. Também estiveram presentes o dr. João Ribeiro dos
Santos, general Leo Borges Fortes e Engº Salvador Fernandez do Conselho
Interamericano de Escotismo.
Os delegados à III Conferência Internacional de Treino |
Após a Conferência, a reunião
«get-toghether», ou seja a reunião informal dos Secretários Internacionais, decorreu
em ambiente de excelente espírito escotista, oferecendo a oportunidade de
aprofundadas trocas de ideias entre os diversos participantes.
Curso
de “Insígnia de Madeira”
Tornara-se, entretanto, notória a
preocupação de Nobre Santos na organização de Cursos para Chefes.
Tendo completado no ano anterior o Curso de
“Insígnia de Madeira”, ministrado em Gilwell Park, em Inglaterra, aquele
dirigente nomeado Deputado Chefe do Campo de Guilwell para Portugal, assumindo
a chefia do Campo-Escola da AEP, chamou para seu adjunto Pena Ribeiro, que
igualmente completara as provas técnicas de Gilwell Park e, logo em Fevereiro, ambos
começaram a delinear a realização do 1.º Curso de Insígnia de Madeira dos
Escoteiros de Portugal, tendo anunciado um Curso Preliminar, “aberto aos interessados em participar, sejam chefes de
Grupos, caminheiros ou mesmo jovens alheios ao Movimento, com idades de 18 a 26
anos…” a realizar-se de 31 de Maio a 25 de Junho.
O 1.º Curso de Insígnia de Madeira teria
lugar na Costa da Caparica, de 7 a 15 de Setembro
no PNEC,
assegurando para esse efeito a colaboração de uma equipa de formadores da UEB,
chefiada pelo prestigiado dirigente João Ribeiro dos Santos, aproveitando a sua
estadia em Portugal para participar na Conferência Internacional de Escotismo.
Este curso veio efectivamente a realizar-se naquela data, mas a sua escassa
frequência decepcionou Nobre Santos, que contou apenas com um efectivo de duas
patrulhas.
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