sábado, 25 de agosto de 2012

Da nossa história… (20) (apoiado na História dos Escoteiros de Portugal - de Eduardo Ribeiro e jornal escotista “Sempre Pronto “)



A realização do espectacular Jamboree do Jubileu, que teve lugar no Sutton Park, Inglaterra, em Agosto de 1957, despertou enorme entusiasmo, não só naqueles que tiveram a felicidade de poder estar presentes e viver aquele inesquecível acontecimento, como em todos os demais escoteiros portugueses, vivendo-se durante algum tempo no seio dos Grupos de escoteiros, em ambiente de muito dinamismo, antes durante e depois da realização daquela importante actividade, estendendo-se tais efeitos até bastante mais tarde.

O Jambori dos que cá ficaram…
Numa resenha histórica, será justo lembrar uma actividade realizada no PNEC, por iniciativa da equipa «Alexandre Herculano» do Grupo n.º 94, intitulada de “O Jambori dos que cá ficaram - acampamento de confraternização espiritual com o JIM”, que decorreu nos dias 10 e 11 de Agosto com a participação dos Grupos 8, 10, 53 e 94, onde foi rigorosamente cumprido o «sistema de patrulhas».

O acampamento foi dirigido pelo chefe Samuel Vieira, pertencendo a chefia do campo escoteiro aos chefes Manuel Tacão e Idílio Gonçalves e do campo de caminheiros ao chefe Rui Cunha.

Com os referidos chefes, cuidando do programa e de toda a organização em campo, estavam os caminheiros da já referida equipa, cujos nomes (de memória) aqui lembramos, por se tratar de uma equipa verdadeiramente exemplar do que é sentir e viver o Escotismo: Júlio Maria Reis, Fernando Silveira, Luís Garcia, Mariano Garcia, Armando Inácio, João Silva, Henrique Sousa, Fernando Cavaco e Fernando Silva.

Foi uma excelente actividade, com um programa intenso e verdadeiramente exemplar de acampamento escoteiro, onde as patrulhas se dedicaram à ornamentação e aperfeiçoamento técnico dos seus campos, apresentando bons trabalhos de técnica escotista.

Não faltaram as cerimónias de abertura, fogo de conselho e festa de encerramento, esta com o compromisso de honra de um novo escoteiro.

A patrulha “Leão”, do grupo n. 10, foi a brilhante vencedora do concurso em disputa e os caminheiros prestaram homenagem a Manuel Tacão, o escoteiro mais antigo em campo.

No final, o caminheiro Mariano Garcia fez uma breve palestra sobre o significado daquela actividade, levando os presentes a pensar em Sutton Park e na grandiosidade daquela manifestação escotista e pediu a todos que, de mãos dadas, entoassem a canção do «adeus», como daí a pouco o fariam os trinta mil participantes no JIM.

Logo a seguir ao Jamboree de Sutton Park, reuniu em Cambridge, de 14 a 16 de Agosto aquela que foi uma das mais importantes Conferências Mundiais realizadas até então, não só pelo elevado número de países representados mas, principalmente, pela importância das decisões tomadas, demonstrando a grande vitalidade com que o Movimento se manifestava naquele ano do seu Jubileu.

Para além do relatório de gestão apresentado pela Repartição Mundial, foram aprovados: a filiação de novas associações (Honduras, Iraque, Malásia, Sudão e Vietname) e confirmada a filiação da Associação dos Escoteiros Israelitas de França; realização do próximo Jamboree nas Filipinas, em 1959; e mudança da sede da Repartição Mundial para Otava, Canadá, apesar da forte oposição dos países da Europa que desejavam a sua continuidade em Londres.

Estala a polémica escoteiro ou escuteiro.

Talvez cansados de se chamarem escutas, carregando com o sentido pejorativo que a palavra adquirira há alguns anos, o Corpo Nacional de Escutas resolveu passar a chamar aos seus filiados de escuteiros, exercendo influências na comissão do novo Acordo Ortográfico para admissão da nova palavra e fê-lo com tal força que expulsou de alguns dicionários portugueses a antiga palavra escoteiro, o que veio acirrar as hostes ligadas aos Escoteiros de Portugal, cujo vocábulo lhe pertencia há cerca de 40 anos.

Não vamos aqui reproduzir, por enfadonhas, todas as opiniões e teorias, mais ou menos académicas, melhor ou pior documentadas, que então se produziram nos meios de comunicação, especialmente no Jornal “Sempre Pronto” que ao assunto dedicou enorme importância, tomando posição clara sobre a matéria e dando guarida às declarações de muitos dos seus leitores.

Importa antes referir que, perante uma questão tão fracturante lançada no seio do Movimento Escotista português, os escoteiros e as suas associações souberam, ao longo dos anos já decorridos, desvalorizar a polémica e reagir da forma mais adequada e consentânea com o espírito de B-P, ficando cada uma delas com a palavra que elegeu para si, aceitando a outra igualmente como válida.

A organização dos Grupos Evangélicos
A organização dos grupos ligados às Igrejas Evangélicas, a que já nos referimos anteriormente, foi um facto durante as décadas de 50 e 60, chegando a recear-se, devido ao proselitismo de alguns dos seus dirigentes, alguma tentativa de seccionamento da AEP, o que estaria absolutamente contra o seu espírito de abertura.

Porém, nunca foi essa a intenção dos dirigentes evangélicos, que apenas aproveitaram, a favor do Escotismo, o ambiente de apoio e compreensão em que se movimentavam. O seu sinal positivo foi que, nomeadamente em Lisboa, aqueles grupos apresentavam-se organizados e realizavam regularmente actividades de boa qualidade, exteriorizando a sua capacidade de entendimento do método escotista e fazendo uma correcta e persistente divulgação do Movimento.

Os registos da realização de regulares reuniões de chefes, para estudo da situação e estabelecimento de programas de acção conjunta, valorizou o trabalho dos chamados “grupos evangélicos”. Também a novidade que constituiu a realização das Conferências de Guias de Patrulha organizadas e dirigidas por eles próprios, apenas com o apoio de alguns dirigentes mais experientes, mobilizaram todos os guias e sub-guias daqueles grupos, proporcionando-lhes ensinamentos e noções de organização e método, onde deram mostra de uma boa integração e amadurecimento dos valores do Escotismo.

A primeira das referidas Conferências teve lugar de 7 a 9 de Dezembro de 1956, a segunda realizou-se nos dias 31 de Outubro e 3 de Novembro de 1957 e chegou a estar planeada uma terceira, que não chegou a

realizar-se, porque tendo nascido a ideia de a transformar numa conferência nacional envolvendo os escoteiros e guias de todo o país, não obstante a boa vontade revelada pelo jornal “Sempre Pronto” (n.º 174 de Out.1959), que se propôs cuidar da sua organização, a iniciativa não teve o acolhimento desejado.

E por aqui ficou a magnífica ideia das conferências de guias…

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