quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O uniforme da AEP. Sua evolução ao logo dos anos (Breves apontamentos)

Refere o Regulamento Geral de 1923
Aspirantes e Escoteiros
1.ª Divisão – Cadetes (lobitos 7-11 anos)
Uniforme
Boné - De Jockey da mesma cor do uniforme, tendo na frente uma flor-de-lis amarela.
Calções – De cor caqui, direitos, largos, deixando os joelhos a descoberto, e providos na cintura de 3 passadeiras para cinto, dois bolsos aos lados fechados com um botão.
Camisola – De cor caqui, tipo de marinha ou “jersey”.
Lenço – Quadrado, de algodão, cor do uniforme, dobrado em diagonal com um nó simples por debaixo do queixo e outro fazendo unir as duas pontas.
Meias – pretas, dobradas em canhão abaixo do joelho.
Jarreteiras – Amarelas
2.ª Divisão – Juniores (rapazes de 12 a 15 anos)
Uniforme
Chapéu – Tipo Boy Scout, de feltro castanho claro, com tira lisa na mesma cor em volta da copa, com altura de 3 cm e francalete. Aba de 6 a 8 cm, copa proporcional à aba. Na frente do chapéu, flor-de-lis e listão com a divisa, em metal amarelo.
Barrete – Tipo de bivaque, da cor do uniforme, com flor-de-lis bordada ou em pano verde colocada à frente um pouco do lado direito.
Camisa – Cor caqui, com platinas, 2 bolsos de macho central assentes sobre o peito e colarinho raso de bicos.
Distintivos de patrulha – 4 fitas de lã, de 15 x 15 cm, pendentes da costura da manga esquerda com o ombro com as cores das patrulhas.
Calções – Como os dos Cadetes;
Cinto – De couro, cor natural, com uma passadeira móvel e fivela metálica quadrangular com um fuzilhão.
Lenço – Como o dos cadetes, com 75 x 75 cm
Meias – como as dos cadetes
Jarreteiras – Verdes
Jaquetão ou Impermeável – (facultativo)
Cordões de mérito – Por cada 6, 12 ou 18 insígnias de capacidade que possuírem, os escoteiros usarão um cordão entrançado de 3 mm de diâmetro usado no braço direito conforme indica a fig. 84. Este cordão será respectivamente das cores amarela e verde, vermelha e branca e amarela.


Seniores (rapazes de 16 a 20 anos)
Uniforme como o dos Escoteiros Juniores, com as seguintes alterações:
Calções – Curtos ou ½ Chantilly, com passadeiras para cinto. No campo e em paradas ou desfiles só é permitido o uso de calções curtos.
Gravata – da cor do uniforme, usada com calções ½ chantilly;
Jarreteiras – vermelhas
Camisa – Na costura da manga esquerda com o ombro, seis
fitas de lã, com 1 x 1,5 cm das cores amarela, verde e vermelha (duas de cada cor).
Distintivo de patrulha – A letra S bordada a vermelho sobre um quadrado de pano de 3 cm, com as cores abaixo indicadas e assente na platina direita: 1.ª Patrulha – Branco; 2.ª Preto, 3.ª castanho…..9.ª Roxo

Escoteiros chefes – Comissários
Chapéu – Como o dos escoteiros, francalete ou cordão sem distintivos.
Barrete – Como o dos escoteiros.
Camisa – Como a dos escoteiros.
Calções – Largos, direitos, como os dos escoteiros, ½ Chantilly ou calça com passadeira para cinto.
Cinto – Como o dos escoteiros.
Casaco – Aberto, deixando ver o peitilho da camisa, uma ordem de 3 botões de coiro, 4 bolsos e cinto da mesma fazenda.
Lenço – Como o dos escoteiros.
Gravata – Verde.
Meias – pretas ou da cor do uniforme, dobradas em canhão abaixo do joelho.
Polainas – de coiro amarelo ou preto.
Botas ou sapatos
Luvas – Cor de cabedal
Sobretudo ou Jaquetão – da cor do uniforme.
Impermeável – De borracha ou oleado.

Estes artigos de uniforme serão usados de seguinte modo:

Uniforme n.º 1 – Chapéu, lenço, camisa, calções curtos, cinto, meias, botas ou sapatos.

Uniforme n.º 2 – Chapéu, gravata, camisa, casaco e calças, de lã ou algodão, botas ou sapatos.

Uniforme n.º 3 – Chapéu, gravata, camisa, casaco, calções ½ Chantilly ou calções curtos, de lã ou algodão, polainas ou meias, botas ou sapatos.

Refere ainda o RG de 1923 que “Todos os artigos de uniformes e distintivos serão idênticos aos modelos fornecidos pelo Serviço de Material e Fardamentos da AEP e o seu uso em harmonia com as presentes Disposições”.

A Direcção Central poderia, no entanto, autorizar variações ao plano de uniformes quando os grupos que o pretendiam provassem estar em qualquer dos seguintes casos:

1.     Já existirem à data da fundação da Associação dos Escoteiros de Portugal e desejarem optar pelo uniforme nessa data usado.
Tratando-se de grupos privativos de instituições, constituir a adopção do tipo regulamentar prejuízo 1.     financeiro, ou ser este incompatível com a sua organização especial.
2.     Quando o clima ou as condições do meio especialmente o exigissem.

Indica o Regulamento Geral de 1932:
Os uniformes serão estabelecidos pelos Grupos, e sujeitos, quando se afastarem dos padrões previstos neste Regulamento, à aprovação prévia dos Serviços Centrais, devendo obedecer às seguintes características:
 1.º Serem de uma forma geral, do tipo comum internacional-mente adoptado;
2.º Serem confeccionados de tecido ou tecidos resistentes.
Parágrafo único: Os sócios não agrupados poderão fazer uso de qualquer dos padrões previstos neste Regulamento.
São os seguintes, os artigos de uniforme e respectiva distribuição pelas divisões:
Chapéu de feltro e boina – Seniores e Juniores
Boné – Cadetes
Camisa – Seniores, Juniores e cadetes
Camisola – Cadetes
Calção curto acima do joelho - Seniores, Juniores e cadetes
Calção ½ Chantilly – Seniores
Casaco – Seniores
Cinto - Seniores, Juniores e cadetes
Lenço de escoteiro - Seniores, Juniores e cadetes
Gravata - Seniores
Meias altas, dobradas em canhão abaixo do joelho - Seniores, Juniores e Cadetes
Notas: As calças não se podem usar sem casaco.
O cinto pode ser usado sobre o casaco.
A gravata é facultativa e pode ser usada em vez do lenço de escoteiro.
São os seguintes os padrões de uniforme para cujo uso não é necessária prévia autorização dos Serviços Centrais:


Camisa
Calção
Padrão A
caqui
caqui
Padrão B
caqui
preto
Padrão C
verde
preto
Padrão D
cinzento
cinzento
Padrão E
cinzento
preto

Chapéu: caqui
Meias: Cinzentas, pretas ou caqui.
Lenço: De cor ou cores diferentes das usadas pelos Grupos da mesma locali-dade.
Casaco, calção ½ Chantilly e calça, caqui ou cinzento.
São os seguintes, os artigos de uniforme e respectiva distribuição pelas divisões:
Chapéu de feltro e boina – Seniores e Juniores
Boné – Cadetes
Camisa – Seniores, Juniores e cadetes

Anos 50 - Lobitos:
Camisa - Azul clara, com platinas.
Calção – Ganga azul escuro, com alças cruzadas nas costas.
Boina - Preta, com a cabeça de lobo à frente

Regulamento Geral de 1964 (ano do cinquentenário)
Lobitos
Boné – De jockey, de cor verde escura, com os gomos separados por um filete de cor amarela, tendo à frente bordado a cabeça de lobo, insígnia da Divisão.
Camisola – “Jersey” de cor verde escura.
Lenço – Quadrado de 0,70 mt de lado, de tecido de algodão da cor do Grupo, dobrado em diagonal com um nó simples por debaixo do queixo e outro fazendo unir as pontas.
Calções - De cor preta, direitos, deixando o joelho a descoberto e providos na cintura de três passadeiras para o cinto, dois bolsos de lado fechados com um botão.
Jarreteiras - De lã de cor amarela.
Meias - De cor verde azeitona com canhão dobrado abaixo do joelho.
Calçado - De cor
 Escoteiros
Chapéu - Tipo Boy-Scout, de feltro castanho claro, com tira lisa da mesma cor, com a altura de 3 cm, sem francalete. Aba rigida, direita de 6 a 8 cm, copa proporcional à aba.
Camisa - De flanela de cor verde azeitona, com platinas, 2 bolsos de macho central assentes sobre o peito e colarinho raso de bicos. Botões de massa da cor do tecido.
Calções – Pretos, como os dos lobitos.
Lenço – Igual ao dos lobitos, da cor do Grupo.
Cinto – De cabedal, com fivela da AEP (modelo oficial).
Jarreteiras – Verdes.
Meias – Como a dos lobitos
Calçado - De cor
Escoteiros Marítimos
Boné – Tipo da Armada Portuguesa com a legenda Escoteiros Marítimos, sobrepondo-se no Verão –capa branca.
Camisola – Jersey de malha de lã, azul escura.
Lenço - Como o dos Escoteiros, da cor do Grupo.
Calção - De cor azul escuro, com canhão por baixo do joelho.
Jarreteiras - Da cor da respectiva Divisão.
Calçado - Preto
Observação: Neste período também foi adoptado por alguns Grupos o uso da boina em substituição do chapéu.

1975 – Anexo ao B.O n.º 2/75
As peças que constituem o “uniforme tipo” são as seguintes, na fixação das quais se teve em vista, por medida económica, a possibilidade do seu uso como vestuário corrente.
Camisa - Cor azul claro, mangas compridas, dois bolsos sobrepostos, sem macho nem fole, com pestana, colarinho baixo, sem platinas, talhe folgado.
Calção ou calça (saia) - Cor azul escuro, talhe direito r folgado, sem dobra, passadeiras para cinto.
Boina - facultativa ou não, (a definir pela entidade convocatória).
Lenço (gravata, facultativa para Caminheiros e Dirigentes) -Cor ou cores como adoptada pelo Grupo (azul mais escuro que a camisa para os elementos não agrupados).
Cinto - De cabedal (cor natural), fivela com a insígnia associativa.
Os Serviços Centrais podem autorizar a adopção de peças de vestuário de características diferentes.
Para a prática de actividades especiais, podem ser adoptadas peças de uniforme, diferentes do “uniforme base”.

As insígnias que exteriorizam a filiação, o avanço no programa educativo e a posição funcional, são aplicadas como segue:
- na camisa (sobre o bolso esquerdo, em placa amovível): cor vermelha (LOBITOS), verde (ESCOTEIROS), azul (CAMI-NHEIROS e DIRIGENTES).
- na camisa, em braçadeira amovível a meio da manga esquerda: as insígnias de aptidão especiais;
- na boina, à frente, do lado esquerdo: a insígnia associativa.

1980
A XIV Conferência Nacional realizada em Dezembro, aprovou um novo Plano de Uniformes, estipulando o prazo de dois anos para a completa substituição dos uniformes.
É este plano que dá início às actuais cores dos calções, calças e camisas dos escoteiros e dirigentes, e da cor das camisas de lobito, e que o P.O.R. de 1983 define em pormenor.

P. O. R. (III Parte) Abril de 1983
As peças que constituem o uniforme dos Escoteiros, Cami-nheiros e Escoteiros-Chefes são as seguintes:
Camisa - De mangas compridas com punho, dois bolsos sobrepostos sem machos sem fole e com pestana, colarinho baixo com platinas, talhe folgado. Cores: Castanha clara para escoteiros terrestres, azul marinho para escoteiros marítimos.
Calças - Talhe direito folgado sem dobra, passadeiras para cinto. Cores: castanha escura em bombazine ou terylene para escoteiros terrestres, azul escuro para escoteiros marítimos.
Calções - Talhe direito, folgado sem dobra, passadeiras para cinto, a sua altura deve ficar a quatro dedos acima do joelho. Cores: castanha escura para escoteiros terrestres, azul escuro para escoteiros marítimos.
Saia - (facultativa para elementos femininos) – Lisa e com duas pregas de cada lado à frente, com passadeiras para cinto, a sua altura deve ficar pelo joelho. Cores: castanha escura para escoteiras terrestres, azul escuro para esco-teiras marítimas.
Boina - Para escoteiros terrestres, de cor preta e formato basco, com duas fitas no cós, cada uma com quinze centímetros. Estas fitas tendo a cor ou cores base que o Grupo tenha adoptado para o lenço e ficando colocadas de tal forma que a boina, uma vez posta, mantenha o respectivo distintivo de boina sobre o sobrolho esquerdo, ficando as fitas no eixo da coluna vertebral.
Poderá também usar-se o chapéu de Escoteiro, desde que os elementos que o usem estejam uniformizados de calções ou saia e que seja usado também pelo conjunto mínimo da Patrulha ou da equipa sendo a nível de Dirigentes individual.
Chapéu branco (Panamá) - Para escoteiros marítimos com distintivo constituído pela insígnia associativa, de metal, com aro, sobre fundo verde, para escoteiros e vermelho para caminheiros.
Chapéu de pala - Para dirigentes, de cor branca, com fita e distintivo constituído pela insígnia associativa de metal, com aro, sobre fundo preto.
E. C. Divisão Lobito: Cordão amarelo a rodear a insígnia associativa rematando com o nó direito. Cordão frontal em amarelo.
E. C. Divisão Tripulação: Cordão verde a rodear a insígnia associativa rematando com o nó direito. Cordão frontal em verde.
E. C. Divisão Clã: Cordão vermelho a rodear a insígnia associativa rematando com o nó direito. Cordão frontal em vermelho.
E. C. de Grupo, E. C. Regionais, E. C. Nacionais: Cordão dourado a rodear a insígnia associativa rematando com o nó direito. Cordão frontal em dourado.
Lenço - A cor ou cores que o grupo tenha adoptado ou azul escuro para os Escoteiros Chefes Nacional, Regional ou de Núcleo. Os E.C.I.M. usam o lenço que lhes é próprio.
Anilha de lenço - A adoptada pelo SMU. Os E.C.I.M. ou os que frequentaram com aproveitamento a etapa básica dos cursos de I. M. podem usar a anilha que lhes é própria.
Cinto - De cabedal, cor natural, com dois anéis metálicos intercalados, no local da costura do calção ou calças, com fivela com a insígnia associativa. Para escoteiros marítimos em cor branca em nylon ou algodão.
Meias - (com o uso de calção) altas, de canhão dobrado com canelado estreito, de algodão ou lã, de cor castanha clara. Com o uso de calças: peúgas de cor castanha clara; (com o uso de saia – altas de canhão dobrado com canelado estreito de algodão ou de lã de cor castanha clara.
Para Escoteiras Chefes (facultativo), meias de vidro cor da pele. Para escoteiros marítimos (com o uso de calções ou saias) cor branca, altas de canhão dobrado com canelado estreito em algodão ou lã, (com o uso de calças) – peúgas de cor branca.
Sapatos - De cor castanha escura para escoteiros terrestres, de cor preta de preferência com atacadores, para escoteiros marítimos.
Agasalhos - Camisola de lã castanha escura, de tom idêntico ao dos calções ou calças, de mangas compridas e gola em bico, só podendo usar o emblema associativo no peito do lado esquerdo. Em tempo de chuva ou de frio é facultativo é o uso de blusão castanho, de cabedal oi de “nylon” tipo “anorak”. Para escoteiros marítimos, camisola de lã azul escuro, de mangas compridas. Em tempo de chuva ou frio é facultativo o uso de blusão ou “anorak” azul escuro de qualquer material.
Uniformes mar/campo - Fora dos actos considerados cerimoniais, é permitido aos escoteiros marítimos o uso de uniforme simples em tom azul, ao critério de cada grupo. Exemplo, camisa “T-shirt”, calções e boné alusivo à AEP ou ao Grupo.

Nas actividades de campo é aconselhável, especialmente a escoteiros, o uso de calções. Também no campo, fora de actos considerados cerimoniais, é permitido o uso de uniformes mais simples, como uma “T-shirt” da AEP com calções castanhos.
O uniforme do Lobito é constituído por uma camisa, de cor verde, de mangas compridas, dois bolsos sobrepostos, sem machos, sem fole e com pestana, colarinho baixo, com platinas, talhe folgado, boina preta como a dos Escoteiros, com a cabeça de lobo, vermelha, à frente. As características das outras peças são semelhantes às adoptadas para o uniforme dos escoteiros terrestres. Nesta Divisão, é facultativo o uso de calça e de calção, recomendando-se este ultimo no verão e no campo.







APONTAMENTOS PARA A HISTÓRIA DA FORMAÇÃO NA AEP

(texto e recolha de Rui Macedo) 
O artigo sobre a Formação, publicado no aperiódico “Sempre Pronto” do 1.º semestre de 2014, sob o título genérico do “Saber Não Ocupa Lugar”, por tão sucinto, levou-nos ao desejo de dar a conhecer, de forma um pouco mais pormenorizada, os acontecimentos passados no final da década de 80, que vieram permitir em 1992 a constituição da ENFIM.

Vivia-se então uma fase de grande confusão e de muitas vicissitudes, que seria interessante historiar, se o tempo e o espaço no-lo permitissem. Mas, fiquemo-nos apenas em alguns detalhes anteriores, que nos conduzem ao ano de 1989.

Como refere o citado artigo, na década de 80 três dirigentes obtiveram em Espanha, “mais formação” na ASDE, e dois outros (Paulo Marques e Paula Castro) frequentaram a etapa avançada de caminheirismo em Gilwell-Park. Já anteriormente outros (muito poucos) haviam enveredado pela Formação. Nos anos 60, José Maria Nobre Santos e José Pena Ribeiro, em Gilwell-Park; nos anos 70, Armando Morais, Mário Luzano Leite e outros (de que não temos informação) haviam frequentado o Campo de Fraião do CNE e obtida formação de dirigentes daquela Associação.

Todavia, apesar dos reconhecidos esforços daqueles e outros dirigentes, ao longo dessas 3 décadas, nunca se tinha passado na AEP dos CIE’s e dos Preliminares de I. M.

Até que, na XXIII Conferência Nacional de Dirigentes, que decorreu no final de Janeiro de 1989, é aprovada a proposta de colaboração do Gr. 94, para lançar um “Plano Nacional de Formação de Dirigentes”.

Após a aprovação daquela proposta, realizaram-se algumas reuniões entre os Presidentes da AEP e do Grupo e entre o Esc. Chefe Nacional e o Esc. Chefe do Grupo, com vista à concretização da ideia proposta.

O panorama da formação na AEP nessa altura, foi assim descrito em ofício do Departamento de Formação Nacional: “Como é do vosso conhecimento o Departamento de Formação da AEP sofreu alterações após a proposta apresentadas na úl-tima Conferência Nacional. A proposta surgiu na sequência da inoperacionalidade verificada até aí, devido ao reduzido núme-ro de Formadores e aos afazeres profissionais, particulares e acumulação de funções destes, não se verificando o desejado incremento formativo. De realçar que a equipa começou com três elementos, tendo um deles abandonado...”, concluindo mais adiante: “...o que faz repensar e criar novas fórmulas que garantam um desenvolvimento consciente, coerente e progressivo dos Escoteiro-Chefes de Divisão, Grupo, Núcleo, Região e Nacionais”.

Na sequência de tal disposição e após contactos com a Divisão de Formação da ASDE (Espanha), deslocaram-se a Madrid o E.C. Nacional Victor Santos e os dirigentes Mariano Garcia e José Miguel Barros, que numa intensa jornada de trabalho com os dirigentes espanhóis, estudaram um plano para a implantação da Formação na AEP e, face às garantias de colaboração oferecidas pela equipa de formação da ASDE, logo foi estabelecido um Protocolo para a realização de duas acções de formação denominadas: Curso Avançado de Adaptação para futuros Instrutores de Formação da AEP (CAIF), a realizar com a ajuda dos Scouts de Espanha. A primeira no fim de Setem-bro e início de Outubro de 1989 e a 2.ª em Abril de 1990.
Os módulos, que tinham uma duração de 6 dias, eram os seguintes:

1.       Escotismo e pedagogia de adultos;
2.       O Projecto Educativo Comunitário;
3.       Introdução à formação de responsáveis de adultos;
4.       Os Grupos tutor;
5.       Organização do Escotismo;
6.       Política de formação na AEP;
7.       Constituição Mundial do Escotismo
8.       Compromisso Associativo;
9.       Papel do Instrutor de Formação;
10.    Os cursos Monográficos;
11.    Formação do Escoteiro-chefe de divisão;
12.    Escotismo Internacional;
13.    Etapa de informação Geral
14.    Técnicas e ajudas à formação;
15.    Sistema de Programas.

O aproveitamento do curso permitia a obtenção de dois certificados: 1. Certificado de Etapa Avançada e 2. Certificado de Instrutor de Formação, sendo o sinal externo, a Insígnia de Madeira.
Participante do 1.º CAIF
Directores:
- Victor Manuel Pereira dos Santos (AEP)
- Luís Manuel Gonzalez Renedo (ASDE)
- Gonçalo Bercero Ingelmo (ASDE)
- Rosário Prieto Rosado ASDE)
- A. LLorente Simon (ASDE)
Instrutores:
Artur Victor Velez Grilo
José Miguel Chichorro da Rocha Barros
Mariano Garcia Inácio
Paula Cristina Lopes de Castro
Paulo Jorge Pereira de Matos Marques
Rui Horácio Filipe de Macedo

Formandos:
Armando Garcia Inácio
Carlos Fernando Ribeiro Ramos
Celso Maurício Vieira Mendes
Domingos José de Oliveira Figueiredo
Ilídio Ramalho
João Miguel Carvalho dos ramos Correia
José Maria Fernandes Marta
José Nelson Teixeira de Vasconcelos
José de Oliveira Borges
Karim Shamsudin
Luís Avelino Relógio Guerra Correia
Mário António dos santos Cardoso
Nelson Desidério Raimundo santos
Pedro Henrique de Freitas Lindo Madeira
Rute maria Machado Catarino
Saúl Tomás Ribeiro de Sousa


A equipa de instrutores acima constituiu-se, entretanto, em equipa de trabalho para a concretização de um pormenoriza-do Plano de Formação para a AEP, segundo o esquema da Insígnia de Madeira, tendo elaborado um Manual em Português, com base na tradução dos manuais inglês e espanhol, bem como todo o material escrito para suporte dos diversos cursos a realizar no futuro.


Da nossa história… (26)

Textos de Mariano Garcia (apoiado na História dos Escoteiros de Portugal - de Eduardo Ribeiro e jornal escotista “Sempre Pronto“) 
Outros acontecimentos…
Recheado de polémicas, umas mais saudáveis que outras, mas também bastante recheado de acontecimentos muito importantes para a vida associativa, o ano de 1961 foi, sem sombra de dúvida, o ponto de partida para uma nova tentativa de renovação dos métodos directivos da AEP, primeiro devido aos esforços que vinham sendo desenvolvidos por José Maria Nobre Santos, enquanto Delegado Regional e depois nomeado EC Regional do Centro, tendo como adjunto José Eduardo Pena Ribeiro.
Mas também graças ao empenhamento da Fraternal e do jornal “Sempre Pronto” e ao entusiasmo de alguns jovens dirigentes, bem preparados e intervenientes, que viriam a marcar as décadas seguintes, através do seu esforço, dedicação e competência.
Por isso, nos vamos deter um pouco mais, na observação da vida associativa naquele ano, especialmente na recém-criada Direcção Regional do Centro, depois de passarmos em revista alguns outros acontecimentos, nacionais e internacionais, cujos relatos quase então passaram despercebidos perante a importância das actividades a que já fizemos referência.

Escoteiros, calça ou calção?
Por cá, ainda que sem quaisquer consequências, durou alguns meses a ardorosa discussão sobre o uso de calça ou calção no uniforme dos escoteiros. Tal discussão, que hoje nos pareceria deslocada e ridícula, não deixou de ter verdadeiro impacto naquela época. Felizmente, prevaleceu o bom senso e o uniforme, ainda que trocando de cores, tem mantido sempre as suas características essenciais.

Inauguração da casa Baden-Powell
Entretanto, em Londres, a Rainha Isabel II, inaugurava, a 12 de Junho, a Casa de B-P, edifício social e residencial para escoteiros, não só da Grã-Bretanha mas de todos os escoteiros estrangeiros que ali estejam de visita.
No seu discurso, a Rainha prestou homenagem à vida e obra de B-P, tendo afirmado: “Acontece poucas vezes que um homem possa ver durante a sua vida uma ideia crescer dos seus primeiros momentos até se desenvolver num Movimento em escala mundial.
Muitas vezes pergunto maravilhada se, quando levou 20 rapazes para a Ilha de Brownsea para experimentar a sua ideia de Escotismo para Rapazes, B-P. tinha alguma concepção de que em meio século esta experiência se teria transformado num Movimento compreendendo nove milhões de rapazes e cinco milhões de raparigas em cerca de 100 diferentes partes do mundo”.
“Baden-Powell não está já connosco, mas o seu Movimento permanece e desenvolve-se, monumento
mais forte do que a pedra ou o aço. Aqui em Ingla-terra, onde ele começou a sua obra, está pois erguida uma casa que, usando o seu nome e servindo as necessidades do Movimento, será a expressão, de uma maneira prática, da nossa gratidão para com ele. Estou certa que todos nós temos a maior satisfação em celebrar a construção deste esplêndido edifício na presença de Lady Olave Baden-Powell. É bem conhecida de todos nós a sua incansável obra a favor do Escotismo e, em particular das Guias”.
Tenho portanto o maior prazer em declarar inaugurada a Casa de Baden-Powell para os Escoteiros do Mundo”.

Falecimento de Leo Borges Fortes
Também em Junho, morria no Brasil o General Leo Borges Fortes, uma figura do escotismo mundial, grande amigo dos escoteiros portugueses e um dos mais prestigiados dirigentes da história do escotismo brasileiro.

Na Região do Centro
Voltamos à Direcção Regional do Centro (Lisboa), criada no início do ano, após os esforços organizativos a que fizemos referência no início deste texto, e dotada de serviços que prometiam promover o desenvolvimento do Escotismo naquela zona, única que se tornou activa, não obstante alguns esforço para a criação das Regiões do Norte e do Sul, que se mantiveram por mais algum tempo com os Delegados Regionais nomeados pela Direcção Central.
Dois acampamentos regionais, realizados em 3-4 de Junho e 29-30 de Julho, reuniões e actividades conjuntas dos grupos de escoteiros, sessões de aperfeiçoamento técnico de preparação para o Curso de Chefes e a organização do 1º Curso de Insígnia de Madeira, trouxeram à Região um dinamismo desusado.

Mas, cedo começaram a surgir novas polémicas perturbadoras da vida associativa. Pedro Paínho afastou-se em Junho, alegando razões profissionais, e entraram Eugénio Ribeiro Nunes e Jorge Gallis, que vinham dos efectivos da Fraternal reforçando assim uma equipa que prometia. Todavia, aproveitando o interesse de Nobre Santos em deixar a Chefia Regional par se dedicar exclusivamente à organização da Escola de Formação de Dirigentes, o Presidente da Direcção promoveu a aproximação de Rui Gomes dos Santos, tendo em vista a substituição de Nobre Santos no cargo de EC Regional. Aquele antigo dirigente, que antes de 1937 prestara bons serviços à AEP, mas que depois abandonou o Movimento para se ligar à Mocidade Portuguesa, após uma tentativa, não conseguida, de convencer os dirigentes de então a encerrarem a Associação, como era manifesto desejo da referida Organização Nacional.
Assumindo funções antes mesmo da sua nomeação, cedo se confundiu em acções lesivas da nossa Associação, nomeadamente, anulando medidas que o próprio Presidente Regional havia tomado, procurar impedir a participação dos grupos evangélicos nas comemorações de Aljubarrota e dando parecer desfavorável à realização do Curso da Insígnia de Madeira, apesar de ser assunto que estava fora das suas atribuições. Por acréscimo, constou naquela época que levou aos Serviços Centrais a presumível “ordem” de encerramento da AEP pelo sr. subsecretário de Estado da Juventude e Desportos agastado com os acontecimentos à volta da “Marcha Patriótica”, aos quais nos referiremos mais adiante, ordem essa que levada ao conhecimento da Direcção da AEP com os criteriosos comentários do prestigiado secretário dos Serviços Centrais, EC Albano da Silva, terão feito rir o Presidente.

Comemorações de Aljubarrota!...
Quase no desconhecimento da generalidade dos dirigentes dos grupos, a Chefia Nacional aderiu, sem qualquer empenhamento, diga-se, a uma iniciativa surgida no seio da Mocidade Portuguesa, que tinha em vista aproveitar o próximo aniversário da batalha de Aljubarrota para promover uma “Marcha Patriótica” que reunisse ali alguns milhares de jovens a manifestarem-se publicamente em desagravo dos ataques que vinham sendo desferidos nos meios internacionais contra a política ultramarina do governo português.
Para a Comissão Organizadora que ia ser criada, paritáriamente entre as organizações juvenis, MP, AEP e CNE, na AEP foram designados pela Chefia Nacional Mariano Garcia e José Ferreira, faltando um terceiro elemento que nunca chegou a ser designado. Cedo se percebeu que a tal comissão, nem era paritária como se afirmava, nem era organizadora, porque todo o programa lhes foi imposto logo na primeira reunião.
Reunidos no Palácio da Independência, pertença da Mocidade Portuguesa naquela época, foi construída a tal Comissão com os dois representantes da AEP, três representantes do CNE, três graduados da MP em representação do Colégio “que tivera a ideia”, mais três graduados da MP representando aquela organização e mais seis graduados da MP que fariam parte do staff de apoio e secretariado. A presidir à “sessão” o general Arnaldo Schultz e também presente o assistente nacional da MP. Esta era “uma comissão paritária que iria trabalhar para produzir um programa digno do acontecimento. A partir dali tudo se esperava da capacidade dos jovens presentes”, disse o general, e fomos à nossa vida para nos reunirmos de novo na semana seguinte.
Na reunião seguinte a “comissão organizadora” era esperada de novo pelo general que, para simplificar as coisas e poupar-nos trabalho, disse, apresentou um programa já feito, que constava essencialmente de uma grande concentração em Fátima, onde decorreriam cerimónias religiosas, seguida de um desfile até à Batalha, onde decorreriam as acções de exaltação patriótica.
Ainda que receosos do espaço escorregadio em que se movimentavam, os representantes da AEP não deixaram de manifestar a sua estranheza por se depararem com um “programa” já pronto, argumentar sobre a inutilidade da constituição da comissão e contestar frontalmente o carácter fortemente religioso da “Manifestação”, exclusivamente dirigida a católicos, onde não parecia haver lugar para “todos” os jovens, como se pretendia. Essa era a nossa responsabilidade como representantes de uma associação pluriconfessional.
Também a entrevista planeada para a EN, com a presença de um jovem de cada organização, havia sido substituída por uma intervenção já realizada pelo assistente nacional da MP.
Vendo a inutilidade da sua presença em tal comissão, os dois representantes da AEP resolveram abandoná-la, tendo Mariano Garcia enviado uma carta ao EC Geral a comunicar-lhe tal decisão.
Os factos chegaram, porém, ao conhecimento dos Grupos evangélicos, do jornal “Sempre Pronto” e do prestigiado “Diário de Lisboa”, que usou a sua NOTA DO DIA para denunciar o proselitismo que comandava o Programa da MARCHA.
Por seu lado os grupos evangélicos vieram a público anunciar a sua “adesão à marcha patriótica à Batalha”, apresentando um programa próprio para os seus escoteiros, o que veio marcar uma indesejável divisão no desejo de unificação nacional manifestado pela “Comissão organizadora”
Os escoteiros evangélicos da AEP, receberam ordem de interdição do seu programa, a que não obedeceram e fizeram uma normal actividade de romagem à Batalha, conforme relato do SP nos seus números 196 de Agosto de 1961 e 197/198 de Setembro/Outubro.
O falatório não terá agradado ao então Subsecretário de Estado para a Juventude e Rui Santos apareceu na
Associação com o “recado” de que aquele ia dar ordem para o seu encerramento.
Tal notícia nunca chegou a ser do conhecimento público, nem sequer da maioria dos dirigentes Regional par se dedicar exclusivamente à organização da Escola de Formação de Dirigentes, o Presidente da Direcção promoveu a aproximação de Rui Gomes dos Santos, tendo em vista a substituição de Nobre Santos no cargo de EC Regional. Aquele antigo dirigente, que antes de 1937 prestara bons serviços à AEP, mas que depois abandonou o Movimento para se ligar à Mocidade Portuguesa, após uma tentativa, não conseguida, de convencer os dirigentes de então a  encerrarem a Associação, como era manifesto desejo da referida Organização Nacional.
Assumindo funções antes mesmo da sua nomeação, cedo se confundiu em acções lesivas da nossa Associação, nomeadamente, anulando medidas que o próprio Presidente Regional havia tomado, procurar impedir a participação dos grupos evangélicos nas comemorações de Aljubarrota e dando parecer desfavorável à realização do Curso da Insígnia de Madeira, apesar de ser assunto que estava fora das suas atribuições. Por acréscimo, constou naquela época que levou aos Serviços Centrais a presumível “ordem” de encerramento da AEP pelo sr. subsecretário de Estado da Juventude e Desportos agastado com os acontecimentos à volta da “Marcha Patriótica”, aos quais nos referiremos mais adiante, ordem essa que levada ao conhecimento da Direcção da AEP com os criteriosos comentários do prestigiado secretário dos Serviços Centrais, EC Albano da Silva, terão feito rir o Presidente.
Mas ocupando-se seriamente do assunto, a Direcção Central autorizou e realização do Curso da IM e anulou o processo de nomeação do Rui Santos como EC Regional.
Vimo-nos, assim, livres de um perigoso estorvo.

IV Reunião Internacional dos Antigos Escoteiros
Este ano de 1961 registou ainda a realização do 4.º encontro internacional dos antigos escoteiros e guias, que teve lugar, de 28 a 29 de Outubro, em Ultrcht-Zeist, na Holanda.
A Fraternal dos Antigos Escoteiros de Portugal esteve representada pelo companheiro Daniel Correia, naquela primeira vez que participava numa reunião internacional.
Transcrevemos as suas impressões de participação naquela importante reunião, recolhidas do n. 200 do S.P. de Dezembro de 1961:
“Se mais nenhum outro motivo houvesse para ir à Holanda, país maravilhoso na sua Natureza e na obra que o homem tem realizado, valeria a pena ir lá para assistir à Conferência Internacional dos Antigos Escoteiros e Guias. É uma oportunidade que nos permite gozar, mais profundamente, o benefício que o Movimento escotista incute no espírito das pessoas e dos povos.”
“Ver reunidas 94 pessoas, representantes de 20 países, num mesmo conjunto de interesses e, porque não dizer, de verdadeira amizade, por um ideal que dignifica o indivíduo, é qualquer coisa que emociona e entusiasma a continuar a ser escoteiros até morrer.”
“Valeu a pena, na realidade, ter ido a Ultrcht-Zeist. E do muito que vi e pude compreender, trago um incentivo para todos nós: para os da Fraternal, aqueles que já pertencem à «velha guarda», que continuemos utilmente apegados a este Movimento, que movimenta e solidariza os ideais mais nobres de um ser. Para os novos, aqueles que começam, e para os que vão a meio caminho, digo para que jamais esmoreceis, mas antes pelo contrário, que sejais sempre firmes no vosso e nosso lema:- Sempre Pronto – Mais alto e mais além.”